terça-feira, 4 de outubro de 2016


Eu posso sentir ela se aproximando bem lentamente, sinto o frio, quanto mais perto mais sinto os calafrios. Posso sentir seu cheiro, é uma mistura de perfumes antigos, vela, sangue e flores, flores vivas e mortas. Ouço seus sussurros que mais parecem gritos. Ela colocou a mão no meu ombro e eu me virei, sua pele era pálida como uma folha de papel, seus cabelos negros como carvão, sua mão era tão fria, ela usava um batom vermelho como sangue e um vestido longo preto com um capuz cobrindo seus olhos, não era possível ver seus olhos, dizem que se você olhar dentro dos seus olhos você pode ver o seu sofrimento e de milhares de pessoas que já se foram. Ela sussurrou no meu ouvido dizendo que eu era o anjo mais corajoso que ela conhecia, eu perguntei o que ela queria dizer com aquilo é ela respondeu que em todas as minha vidas passadas eu escolhi sofrer e por fim morrer para mostras as pessoa mais frias como é a dor de uma perda. Eu desabei e comecei a chorar e ela disse que eu era boa e pura, disse que éramos amigas a muitas décadas, desde que eu vim ao mundo pela primeira vez. Ela então perguntou se eu já estava pronta pra ter minhas asas de volta e voltar para casa, eu disse que não sabia. Ela esperou alguns minutos limpou minhas lágrimas e perguntou se eu queria um beijo. Eu respondi que sim.
Ela segurou uma de minhas mãos, a mão que segurava a arma e levou até a minha cabeça, colocou suas mãos em meus rosto abriu suas asas lindas, pretas e enormes eram tão grandes que podiam cobrir 7 pessoas. Então ela finalmente me beijou, só pode se ouvir o barulho de uma arma sendo disparada. Em todas as vidas que eu passo ela está lá me observando e esperando a hora de aparecer, ela sempre faz exatamente a mesma coisa, ela era minha única amiga de verdade, e quem era ela?
A Morte.

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